5 de abr. de 2014

Sadismo disfarçado de amor por um esporte.

Ontem estava lá na academia, de boa, tranquilo, tentando não morrer naqueles aparelhos enquanto meu instrutor me zoava. Nisso fui para a esteira e para passar o tempo fiquei assistindo, ou fingindo assistir, UFC.

Devo ter visto umas 5 lutas num intervalo de 30 minutos, não entendi qual é o objetivo daquilo, nem porque existem tantas pessoas apaixonadas por MMA e muito menos porquê as pessoas perdem tempo assistindo aquilo, mas percebi o quanto se valoriza uma mulher  gostosa ... que falem por sí as Octo Girls (sim, é esse o nome que dei para elas).

Cheguei em casa resignada a entender porquê daquilo fazer tanto sucesso e porquê tanto marmanjo por ai curte, sendo que por fim não vi mais do que pancadaria explicita. Para sanar minhas dúvidas abri uma enquete no meu Facebook e mais uma vez continuei sem gostar, ou entender o motivo.

Porém, o que me chamou muito a atenção foi a explicação de uns amigos meus para o sucesso e para gostar do campeonato de MMA. Foi algo mais ou menos assim:
 Eu gosto da agressão, do sangue, de certa forma, acho que eles tem sorte por terem a chance de descarregar tudo em cima de outra pessoa sem que isso seja um crime.
 Primeiramente: descarregar tudo o que? Quer dizer que se meu dia for ruim e eu sair descendo o braço nos outros, e isso não for crime, passo a ser uma sortuda? Eu me chamaria de psicopata e não de sortuda, levando em consideração que brutalidade e violência não deveriam ser propagados como algo legal, divertido, ou ainda, benéfico assim.

Depois que 'eu gosto da agressão, do sangue', que instinto primitivo é esse que nos fazem ficar em volta de uma briga, ou luta (chamem como quiser), aos gritos e berros esperando que alguém se estrepe? Ah, lembre-se que não precisa ser mascarada pela palavra esporte para uma boa briga ser popular, tá ai os vídeos do YT para demonstrar isso.

Dai outro amigo, na tentativa de me explicar o sucesso de dois homens se batendo, disse isso aqui ó:
A violência, a agressão, é uma coisa inerente do ser animal, lado do humano que é deixado de lado durante muito tempo. O UFC é, de certo modo, uma prova de força, de ferocidade, é o ser Alpha.
Deveríamos agradecer a evolução, a ciência, ao mundo, a deus, que seja, pela capacidade de raciocínio que por nós foi conquistada. Pensar e saber que pensa é algo maravilhoso e deixar isso de lado pelo instinto de ser "alfa", de demonstrar "macheza", de provar que, sim, seus músculos podem serem mais efetivos que seu cérebro, é algo deplorável, é andar para trás e dizer foda-se se posso pensar, se tenho a sorte de decidir a vida de uma forma menos animalesca e instintiva, vou assistir esses dois aqui se batendo e comemorar quando alguém sangrar o nariz!

Mesmo com técnica, mesmo que o principio seja a junção de vários estilos de luta, um tipo de vale tudo, continua sendo sadismo esse prazer em ver gente se machucando.

Na Roma antiga Imperadores distraíam a população com algo chamado de  pão e circo e faziam isso colocando gladiadores para lutar uns com os outros e com leões. Hoje podemos ver algo bem parecido, 24 horas por dia, no canal a cabo sem sair do conforto de casa, e chamarmos isso de esporte. Mas tá tudo bem, porque os caras trabalham com isso e treinam para tal, são esportistas.

Por fim, e quem sabe para por fim na discussão que se deu inicio no meu perfil do Facebook, deixo aqui minha conclusão: UFC/ MMA não é arte. Pouco me lembra artes marciais, até porque aparentemente o 'artes' ficou para trás e só o 'marciais' é que importa. Concordo que MMA é cultura, porque tudo é cultura e nem chegarei a loucura de uma discussão filosófica sobre o que é cultura. Porém é uma cultura que se baseia no instinto selvagem e, honestamente, já temos valentões demais sendo 'alfa' nas ruas de nossas cidades para que isso passe a ser televisionado e ser chamado de divertido.

Repense.

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