11 de abr. de 2014

Essa chuva.

Eu temia muitas coisas, mas o maior dos meus medos não eram com coisas que poderiam acontecer comigo e sim com nós.

Uma chuva fina começa a cair, o céu tão cinza quanto fumaça poluída, o tempo era agradável, nem frio e nem quente. Dentro do carro é que era o problema, aquela atmosfera carregada prevendo raios e trovões.

Olho pela janela, meio com medo do que sairia pela minha boca se tentasse falar. O sinal fica vermelho. Na minha garganta um nó se forma. Mais ameças de trovões dentro do carro.

Era isso, em algum dado momento daquele terrível ano nos tornamos um daqueles casais ridículos que só falam do tempo e sobre a piora do transito a cada dia. Nada emocionante, nada excitante, nada pessoal, nada.

Cada minuto ali dentro pesava como uma hora de tortura. A vontade era de abrir a porta e sair correndo em meio ao transito incessante e a chuva que castigaria meu rosto. A vontade era de ter um desfibrilador e tentar reanimar o 'nós' dessa relação.

Tudo é sobre o meu ou o seu. Tudo que é sobre o meu é chato e pouco se fala. O seu é falado até demais e por causa disso já nem escutava direito. Enquanto você reclama de mais um dia ruim eu balançava a cabeça e pensava sobre como as folhas das arvores se mexiam lá fora. Saudades do tempo em que as arvores falariam de nós e que qualquer um na rua sentiria inveja.

Será que essa é só mais uma daquelas chuvas terríveis que logo passam? Ou isso é um diluvio e quando cessar poucos serão os sobreviventes? Por deus que eu possa sobreviver, ou que ao menos em meio ao céu tão negro um raio de luz se sobreponha. Um arco-iris seria bom agora, indicaria que tudo ficaria bem.

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